O Yoga é muito mais do que alongamentos ou posturas que vemos por aí. Na verdade, ele é um caminho de autoconhecimento e equilíbrio.
Esse caminho foi descrito por Patañjali, um sábio da Índia antiga, no famoso Yoga Sutra. Nele, Patañjali apresenta os 8 passos do Yoga, também conhecidos como Ashtanga Yoga, que nos ajudam a desenvolver tanto o corpo quanto a mente, rumo a um estado de paz e harmonia.
Yama: As restrições éticas
O primeiro passo do Yoga é chamado de Yama, que foca em como devemos agir no mundo.
São cinco princípios éticos que nos ajudam a viver de forma mais equilibrada e harmoniosa com os outros.
Esses princípios não são apenas regras, mas formas de transformar nossa relação com o mundo à nossa volta.
- Ahimsa: Não violência – agir com gentileza, sem machucar os outros nem a si mesmo.
- Satya: Verdade – ser honesto consigo e com os outros.
- Asteya: Não roubar – não tirar o que não é nosso, seja material ou emocional.
- Brahmacharya: Moderação – usar nossa energia de forma consciente, especialmente a sexual.
- Aparigraha: Desapego – aprender a não se prender às coisas materiais ou às expectativas.
Niyama: As disciplinas pessoais
Enquanto Yama se relaciona com os outros, Niyama é sobre o nosso mundo interior.
São cinco práticas que nos ajudam a cultivar uma vida mais equilibrada e voltada para o autoconhecimento.
Aqui, o foco é desenvolver uma relação saudável e consciente consigo mesmo.
- Saucha: Pureza – manter o corpo, a mente e o ambiente limpos.
- Santosha: Contentamento – praticar a gratidão e a aceitação, independente das circunstâncias.
- Tapas: Disciplina – ter força de vontade e determinação para superar desafios.
- Svadhyaya: Autoestudo – buscar o conhecimento, tanto interno quanto externo, e refletir sobre quem somos.
- Ishvara Pranidhana: Rendição ao divino – confiar no fluxo da vida e no universo, aceitando que nem tudo está sob nosso controle.
Asana: Posturas físicas
Quando falamos em Yoga, as primeiras imagens que vêm à mente geralmente são as posturas.
Asana é o terceiro passo do Yoga referente as posturas físicas.
No entanto, não se trata apenas de flexibilidade ou força, mas de encontrar firmeza e conforto no corpo para preparar a mente para os estágios mais profundos do Yoga.
Patañjali descreve que a postura ideal deve ser “firme e confortável” (sthira sukham).
Isso significa que, ao praticar asana, não devemos forçar o corpo além dos seus limites, mas sim criar uma base estável para que a energia flua de forma harmoniosa.
As posturas também ajudam a desenvolver disciplina, força e equilíbrio, tanto no físico quanto na mente.
Pranayama: Controle da respiração
O quarto passo do Yoga é o Pranayama, que significa o controle e expansão da energia vital (prana) através da respiração.
A respiração deixa de ser apenas um ato automático e entrar como uma forma para equilibrar corpo e mente.
No Pranayama, aprendemos a regular o ritmo da respiração, utilizando técnicas que envolvem inspiração, expiração e retenção do ar.
Isso ajuda a aumentar a concentração, reduzir o estresse e preparar para os estágios mais sutis do Yoga.
Mais do que apenas uma técnica física, Pranayama é uma ponte entre o corpo e o espírito, levando a uma sensação de paz interior e quando controlamos a respiração, também controlamos nossas emoções e pensamentos, criando mais harmonia interna.
Pratyahara: Retração dos sentidos
Pratyahara é o quinto passo do Yoga e marca o início do processo de introspecção.
O foco está em desligar-se do mundo externo e recolher os sentidos para dentro.
Sabe quando você está tão concentrado em algo que nem percebe o que está acontecendo ao redor? Esse é o princípio do Pratyahara.
Nosso cotidiano está cheio de distrações sensoriais que nos puxam para fora de nós mesmos.
Pratyahara nos ensina a liberar a mente desses estímulos, ajudando a criar um espaço interno de silêncio e foco.
Ao dominar essa técnica, começamos a ter controle sobre o que permitimos afetar nossa mente, criando uma espécie de escudo mental que nos ajuda a manter a calma e o equilíbrio, mesmo diante das distrações do mundo.
Dharana: Foco e Concentração
O sexto passo do Yoga, Dharana, é o desenvolvimento da concentração.
O objetivo é treinar a mente para se focar em um único ponto ou objeto.
Essa prática nos ajuda a reduzir a dispersão mental, comum no dia a dia, e a direcionar nossa atenção de forma mais eficiente e clara.
Seja focando na respiração, em um mantra ou em uma imagem, Dharana nos ensina a manter a mente em um estado de foco contínuo permitindo mergulhar mais fundo no nosso ser sem distrações.
Dhyana: Meditação
Dhyana é o sétimo passo do Yoga e representa a meditação profunda.
Diferente da concentração (Dharana), onde ainda existe um esforço para focar, aqui a mente se estabiliza de forma natural e contínua.
A meditação não é algo forçado, mas um estado que acontece quando a mente está completamente tranquila e focada.
Nesse estágio, entramos em um fluxo de contemplação, onde não há esforço consciente para manter o foco.
A mente se torna como um lago calmo, sem ondas de distração. É um momento de conexão profunda com o ser interior e com o presente.
Samadhi: Iluminação e União
O oitavo e último passo do Yoga é o Samadhi, o estado de iluminação.
Atingimos um nível de consciência onde a mente transcende o ego e todas as limitações e temos uma sensação de total união com o universo, onde o “eu” individual se dissolve e nos fundimos com a essência do ser.
Samadhi é descrito como um estado de profunda paz e liberdade interior.
É o ponto final da jornada do Yoga, onde é vivenciado a verdadeira natureza do seu ser. É como estar totalmente presente, sem interferência de pensamentos ou emoções, e perceber que somos parte de algo muito maior.
Embora Samadhi seja o ápice da prática, ele não é o objetivo final do Yoga, mas um estágio natural que surge quando seguimos todos os passos anteriores com dedicação e disciplina.
Nesse estado, experimentamos a liberdade (moksha) e o entendimento de que estamos conectados ao todo.
[…] uma filosofia de vida que integre mente, corpo e espírito. Segundo os ensinamentos de Patanjali, o caminho do yoga está dividido em oito passos, que incluem: disciplina ética (yamas), práticas espirituais (niyamas), posturas (ásanas), […]